sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Futebol, filosofia e paixão.

“Sonho melancólico de Ulisses, que seguia saudoso de sua verde Ítaca, perseguindo uma felicidade deixada no passado, cujo significado é a imagem da felicidade como fim da tensão, do sofrimento, da perda e da morte: volta do exílio (...), reconciliação do homem consigo mesmo, da natureza com a história”. Olgária Matos – Os sentidos da Paixão .  

Sempre imaginei a possibilidade do futebol e da filosofia andarem bem próximos. Penso que uma boa discussão sobre futebol possa vir acompanhada também de uma boa reflexão filosófica. Afirmo isto, mas não vejo que necessariamente exista uma forma exclusiva de pensar filosoficamente como dei a entender na frase anterior. O simples ato de pensar e questionar já passa a ser a filosofia em si.
Embora este blog tenha sido criado com a intenção de discutirmos futebol, alguns temas ligados à filosofia em seu sentido mais amplo, também passarão por ele.
Existem dois momentos (entre vários) da filosofia que muito me atraem; o primeiro deles, é este viés crítico/reflexivo, que nos instiga a desenvolver quase sempre uma análise mais minuciosa das coisas. O outro, passa a ser uma das categorias de análise com que a filosofia se depara por um longo tempo. Entre a ética, a estética, o bem, o belo, uma das mais fascinantes categorias que a filosofia se debruça, é sobre o amor e as paixões.
Esta semana arrumando (ou desarrumando) algumas coisas, (necessidades da vida), passei os olhos novamente por um belo texto que li algum tempo atrás e que era “passagem obrigatória” para meus alunos na Universidade. Falo do texto de Olgária Matos – A melancolia de Ulisses – escrito no livro Os sentidos da paixão, organizado por Adauto Novaes. Neste texto, a autora dialoga com o tema da melancolia e das paixões sob a luz do conceito da Dialética do Esclarecimento de Adorno e Horkheimer. Passagens como “(...) o amor está associado à veneração do ser que o desperta. E mais, o amor comporta o abandono do amante ao amado e, consequentemente, um momento de não domínio por parte do sujeito”, são trechos interessantes para serem lidos, re-lidos...e lidos novamente. Comendo pipoca e tomando chimarrão. O livro como um todo, merece uma atenção especial, e este texto da Olgária Matos, é imperdível.
O que tem isto a ver com o futebol, e com este blog? Bem....não faço ligações lineares, mas não podemos negar que o futebol enquanto fenômeno, também se movimenta pelo viés das paixões. Quanto a mim, me considero um apaixonado sem reconhecimento. "(...) quem ama não tem o direito de determinar o que o amado vai fazer com este amor". Fica a dica...boa leitura!